Nos últimos dez anos, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu , em média, 4% ao ano. E as taxas de crescimento da venda de automóveis e de motos foram muito maiores. A de automóveis chegou aos 9% no último ano, ou seja, passamos de 24 milhões de automóveis, há dez anos atrás, para mais de 56 milhões atuais. E o crescimento não para. Mais impressionante que isto foi a taxa de crescimento do número de motos, que chegou aos 19%. O pior é que houve, nas cidades brasileiras, uma diminuição do número de passageiros em transportes públicos em relação à década passada. Isso significa uma mudança drástica, para pior, do trânsito urbano.
Muitos daqueles que antes andavam de ônibus, que tiveram sempre suas tarifas aumentadas, passaram a andar nas ligeiras e baratas motocicletas de baixa cilindrada. Ficou muito fácil adquiri-las. Em pouquíssimos anos, o Brasil deverá vender mais motos que automóveis. As motos conseguem se mover com muito mais rapidez e agressividade nos caóticos engarrafamentos que ocorrem nas metrópoles, nas grandes, médias e também nas pequenas cidades brasileiras. As consequências dessas mudanças são de que o trânsito ficou muito mais perigoso. A mortalidade disparou. A frota de motocicletas é em torno de 20% do total de veículos, mas já é responsável por mais de 25% dão total de mortes em acidentes de trânsito. O serviço de moto táxi, até poucos anos atrás proibido, foi regulamentado pelo governo federal, e certamente acrescentará mais números para as estatísticas de acidentes graves e fatais. Outra consequência destas mudanças é o aumento da poluição do ar. Estima-se que uma motocicleta emite doze vezes mais monóxido de carbono do que um usuário de transporte coletivo. Fora a poluição sonora que também tem aumentado, com os roncos, aceleradas irritantes dos canos de descarga das motos e as buzinas constantes. Resultado: mais estresse e violência nas cidades. E com esse estresse, pessoas que, antes se comportavam bem no trânsito, começam a ficar impacientes e "por instinto", começam a costurar nas ruas, fechando sua frente bruscamente, podendo causar acidentes graves e consequentemente, criando outros estressados, em constantes bolas de neves crescente. Além também das frequentes infrações de muitos motoristas, como parar em fila dupla, dobrar as esquinas sem dar a seta do carro e furar o sinal vermelho. Eu fico um pouco apreensivo só o fato de "botar" o carro pra fora da garagem.
Hoje em dia, ficou muito fácil adquirir um transporte particular. Enquanto não há políticas para diminuir os problemas causados pelas mudanças nem para melhorar, em muito, as formas e a eficiência dos transportes públicos e de transportes alternativos, vivemos um quadro de crescente preocupação. Cada um quer resolver seu problema de mobilidade. A grosso modo, temos a proporção de um automóvel para cada três pessoas, ou seja, há, incluindo as motos, quase o mesmo número de rodas do que de pés. Nas metrópoles, como em São Paulo, já há mais rodas que pés. Mesmo nas cidades menores, onde a densidade populacional aumenta em proporções muito maiores que a de aberturas de novas ruas, surgem os engarrafamentos, aumentam os números de acidentes e atropelamentos envolvendo motociclistas e pedestres. Perde-se mais tempo nos automóveis que andando a pé, mas os riscos dos pedestres aumentam.
Isso ainda para não falar das péssimas condições de preservação e manutenção das nossas ruas, avenidas e estradas. Se por um lado aumentou drasticamente o número de veículos nas cidades, o mesmo não se pode dizer das vias de acesso das cidades brasileiras, onde, em muito lugares, praticamente não se alterou em nada, apenas passou de mão dupla para mão simples, mas sem construir e planejar novas ruas. As cidades estão sendo sucateadas com muito veículo velho, com mais de 15 anos de uso. Além disso, a manutenção das vias está sendo pífia, apenas lançando projetos "tapa-buracos", em que, qualquer outra chuva, volta os mesmos buracos e até aparecem novos. Isso se dá, além da falta de planejamento, com o uso de material de má qualidade para preservação das ruas. As perspectivas, pelo menos em curto prazo, são muito preocupantes.
Texto adaptado de Ítalo Stephan, Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa;
Imagina quando a Tata Motors chegar por aqui então: todo mundo vai ter seu carrinho. Eu ainda não tenho o meu, portanto estou colaborando para uma sociedade menos aglomerada.
ResponderExcluirOu seja, no seu caso a solução é nunca ter dinheiro para comprar um carro.....
ResponderExcluirAlguem já tentou ir ao trabalho de bicicleta? Em capitais do Brasil....missão impossível!!! Além de não ter vias adequadas, os "educados" motoristas de automovel só faltam atropelar (pois xingar eles já fazem)....
Credo Ocho, que cenário horripilante... Logo esse ano que resolvi virar motorista... XD
ResponderExcluirE até hoje vou mais cedo e volto mais cedo do trabalho por medo do trânsito... XD
Daqui a pouco vai ter rodízio aqui em Campinas tb... XD
Cenário caótico mesmo Ocho. Para ir trabalhar, pelo carona com um casal de amigos e dividimos a gasolina. Na volta, acabo pegando um ônibus, gastando cerca de uma hora para chegar em casa devido ao trânsito. E motoristas estressados é que não faltam...
ResponderExcluirO que percebo é que a gente tem se estressado cada vez mais em nossas vidas com o aumento de estresse no trânsito. Como é que o homem ainda não conseguiu chegar ao nível dos Jetsons ainda???
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