21 de mai. de 2015

"internet.org" by Facebook... para não dizer "facebook.org"


Provavelmente, já ouviram falar de um projeto em que o Facebook estaria implementando Internet gratuita a toda população do mundo, especialmente àquelas pessoas que não tem acesso à Internet. Mark Zuckerberg e sua equipe estão desenvolvendo um projeto de gigantesca escala para disponibilizar equipamentos e tecnologia a lugares remotos ou de extrema pobreza, com o intuito de conectar o máximo possível de pessoas sem precisar pagar por isso.

O que, a princípio, poderia ser algo louvável e altruísta, notavelmente seria um indício de manipulação de futuros clientes a mercê do Facebook, pois a "internet gratuita" estaria sendo controlada pela empresa e a porta de entrada seria justamente pela rede social, permitindo conteúdos apenas em que o Facebook permitiria, e isso seria uma espécie de violação dos princípios da neutralidade da Internet, da liberdade de expressão, da igualdade de oportunidades, da segurança, da inovação e da privacidade.

Claro, o Facebook entregaria internet em troca de seus dados e obediência a suas regras e termos de condições. Como qualquer empresa que presta serviços, é de direito da mesma querer os dados dos clientes para um controle administrativo e organização. O problema do Facebook é que a empresa induz às pessoas que a atividade é altruísta e sem fins lucrativos como se fosse uma ONG mundial que trabalha de forma voluntária em prol da humanidade.

Notoriamente, está claro que o Facebook quer mesmo é ser o maior dos maiores gigantes do mundo da tecnologia e com possíveis novos "clientes" usufruindo de seus serviços, mesmo que de forma "gratuita", possibilitando assim, um agregamento de trocas de informações gigantescas passando tudo pelos softwares da empresa, não apenas na sua rede social. Em resumo, tudo que você conecta pela "internet.org" é tudo do Facebook, limitando o uso da diversidade do mundo da Internet.

Eu acho interessante esse projeto, porém o que critico é a forma de como o Facebook está divulgando, dizendo ser algo voluntário sem fins lucrativos. Pode até não render financeiramente de imediato, mas o valor que a empresa adquire com as informações do resto das pessoas sem acesso a Internet é algo poderoso que pode ser potencialmente dominador no futuro. Nem vou mencionar as possíveis falhas técnicas desse projeto, pois está mencionado no link abaixo... Enfim, neste mundo capitalista, o que esperar, né?


Referente ao blog do Gizmodo Brasil

6 comentários:

  1. Mais um lobo disfarçado em pele de cordeiro... A iniciativa até seria interessante se as pessoas fossem informadas - mas muito bem informadas - das intenções de Zuckerberg. Mas do jeito que pretendem fazer, vão "dar" um serviço gratuito sem que as pessoas saibam que sua navegação é restrita a parceiros do FB e que seus dados podem ser usados para interesse das empresas participantes. Acho o fim. (Embora hj nossos dados já sejam usados - mas eu, pelo menos, estou consciente disso - e nós temos liberdade de navegar por qualquer site).

    O pior que achei deste projeto é a falta de segurança na plataforma (li no link do Gizmodo). Sem criptografia, sem outras chaves de segurança.... Um absurdo. E aí eu me pergunto: da forma como está hoje, será que é bom mesmo que um projeto desde vá pra frente?

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    1. Eu aprovaria esse projeto SE o facebook NÃO dissesse que é filantrópica e sem fins lucrativos, e que gostaria de contribuição em espécie, isto é, doação para continuar tal projeto. Oras, a Google nunca disse que seus projetos teriam fins filantrópicos. Ela claramente quer o mercado tecnológico nos mapas, e afins sem dizer nada de filantropia.

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  2. Essas coisas grandiosas nunca são primeiramente pelo bem das pessoas ou do planeta, né. O que torra mesmo é esse discurso.

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    1. O que me irrita é esse discurso hipócrita. Seria melhor o Facebook dizer que quer ampliar seus serviços ao redor do mundo inteiro (assim como a Google) e não dizer que quer "humanizar a rede".

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  3. Acho que mesmo se ele fosse claro com suas intenções era capaz de todo mundo usar os serviços, porque não estão nem aí. O mundo já virou um imenso big brother. O que preocupa mais é que esses discursos nada a ver comprometem a confiabilidade dele. Nem quero imaginar o mau uso disso...

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    1. Se quer usar os dados de todo mundo inclusive daqueles que não tem acesso a internet, que não fale besteira dizendo ser caridade "dando" internet de graça tentando mostrar se "humanitário". A Google, por exemplo, não usa esse papo de caridade. Ela quer mesmo dominar o ramo da tecnologia no mundo.

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