2 de fev. de 2012

Escolas Brasileiras no Japão: Futuro Incerto?

A crise econômica que assombrou o mundo no ano de 2008 deixou muita gente de cabelo em pé. No Japão, tal crise foi muito sentida, pois os nipônicos têm relações econômicas muito forte com os estadunidenses. Com isso, o Japão sentiu duramente o forte impacto da crise. Mesmo em 2011, enquanto o Japão ainda tentava se recuperar da crise de 2008, o país também foi surpreendido com a tragédia natural dos terremotos e tsunamis em março do mesmo ano, provocando comoção entre os japoneses e deflagrando uma crise ainda maior.

Com tudo isso, agora tem a questão da recente crise européia que está assombrando principalmente os outros países desenvolvidos, incluindo o Japão. 3 crises em curtos intervalos de tempo; nem mesmo um país como Japão pode não suportar por muito tempo...

Eu vejo amigos e colegas brasileiros, que estão trabalhando, estudando e morando no Japão, relatarem certas dificuldades de readaptação a essa nova realidade nipônica, principalmente entre os estrangeiros que por lá residem. Queda de horas extras nos serviços, diminuição do salário e principalmente redução de estadia para bolsistas e estudantes-pesquisadores estrangeiros no país. Por exemplo, quando fui para o Japão, tinham 4 vagas para estagiários e 1 vaga para estudante universitário da minha província. O tempo da estadia era de 9 meses para estagiários e um ano para estudante universitário. Atualmente, pelo que pesquisei, só tem uma ou duas vagas para estagiários com duração de 6 meses apenas. O Governo Japonês já não tem mais tanta verba como antes para sustentar a mesma programação de antes para os estudantes estrangeiros. Claro, a JICA (Japan International Cooperation Agency) ainda mantém seus programas de pesquisas, mas mesmo ela parece que tem reduzido algumas bolsas de estudos também.

Agora voltando para os estrangeiros-residentes (dekasseguis). Para uma família que está morando no Japão há mais de 3 anos e tem filhos pequenos, está cada vez mais complicado manter sua vida rotineira como antes. Com a jornada de trabalhos reduzidos e corte nas horas-extras, os comércios e serviços voltados para a comunidade estrangeira também são afetados. Recentemente, a única escola brasileira que funcionava na cidade de Nagoya acaba de fechar suas portas por falta de alunos e aumento da inadimplência das mensalidades escolares. Com isso, as alternativas para os pais que estavam com seus filhos nessa escola seriam:

1) Tentar ingressar seus filhos em outras escolas brasileiras, porém mais afastadas de seus domicílios;
2) Tentar ingressar seus filhos em escolas japonesas, porém tendo que enfrentar a dura realidade de ensino e cultura totalmente diferente aos seus filhos;
3) Ingressar seus filhos de volta ao Brasil para continuar seus estudos, com os pais continuando a trabalhar no Japão.

- Há ainda uma "quarta opção", mas é a pior de todas, entretanto, é a realidade, infelizmente. Muitos pais, por consequência desses problemas, simplesmente deixam seus filhos sem estudar e colocam-nos para trabalhar junto deles nas fábricas (isso quando eles conseguem, senão os filhos ficam perambulando nas ruas ou trancados em casa).

É realmente muito triste ver notícias assim, principalmente para mim, que lecionei em uma rede de ensino brasileiro durante minha estadia no Japão. Mas mesmo na época em que estava por lá, já estavam fechando as portas de muitas instituições de ensino brasileiro por falta de verba.

O Governo Japonês tenta ajudar tais instituições da melhor forma possível, criando subsídios e bolsas de estudos, meia-passagens para estudantes, transformações de algumas escolas em "miscellaneous schools", mas mesmo assim muitas instituições acabam sucumbindo.

Mas tenho fé e esperança de que os bons ventos vão voltar ao país e que a comunidade estrangeira e a sociedade japonesa possam dar continuidade digna de suas vidas. Enquanto isso, tentemos nos adaptar da melhor maneira possível tal nova realidade e aguardar quando começa a dar uma reviravolta realmente na vida cotidiana. Essa última frase encaixa também para todos nós. Gambarê!

11 comentários:

  1. Realmente a questao das escolas brasileiras no Japao é complicado. Eu tinha alguns colegas de trabalho com filhos em idade escolar e a principal queixa eram a falta de estrutura e os preços das mensalidades. Particularmente sempre achei que faltava uma maior integração entre as proprias escolas e um maior apoio do governo daqui (MEC).

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    1. Acho que vc também presenciou muita coisa desagradável em relação a crise educacional dos brasileiros lá, né? Até muitos próprios dekasseguis brasileiros são contra escolas brasileiras no Japão, dizendo que as todas crianças deveriam é estudar em escolas japonesas... difícil mesmo.

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  2. Se eles não conseguirem achar uma saída pra crise, que país é que vai conseguir? Eu tô mais preocupado é como o nosso vai caminhar daqui em diante.

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    1. Sim, todos nós brasileiros estamos "careca" de saber que nosso país está no fundo do poço em muitos setores (educação, saúde e segurança, por exemplo).

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    2. Estou já me preparando para guardar um fundo de emergência... tirando os gastos na Liba, claro, tehehe.

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    3. Ei! Como você consegue responder os comentários desse jeito? Também quero. xD~
      por acaso que é alguma seção logado no blogspot?

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    4. Tente tirar a janela "pop-up" do sistema de comentários para comentar dentro do blog. Eu mudei assim.

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    5. Já consegui, valeu. Pena que eu preferia com a janela, mas tudo bem.

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  3. Tenho uma prima que voltou para o Brasil com os dois filhos em idade escolar depois dessa crise. No início foi difícil, mas agora eles já se adptaram ao ‘ritmo’ daqui. Infelizmente eles tiveram que se separar do pai, que ainda continua no Japão trabalhando.

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    1. É uma realidade difícil. Tenho muitos conhecidos nessa mesma situação, mas que estão levando até relativamente bem, já que é uma situação temporária. Provavelmente eles irão voltar ao Brasil em breve.

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  4. e ai pessoal o yusuke hurameshi esta de volta cade o inu yasha

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