3 de ago. de 2012

O Descaso do Governo na Educação Pública


Acredito que esse tema realmente esteja mais do que batido, mas não podemos simplesmente ignorá-lo como se isso fosse "mais um" dos problemas do país e ficar por aí. Afinal, a educação é um dos grandes pilares que sustenta um país.


As greves que assolam o Brasil atualmente são consequências do descaso do Governo em não dar a devida atenção à classe trabalhadora do país. É como um efeito dominó. Ao deflagrar greve em algumas categorias, outras tentam entrar para tentar fortalecer as reivindicações de ajustes salariais de acordo com a inflação anual mais os benefícios a que têm direito. Claro, em muitos casos, algumas greves só são deflagradas por causa da onda de greve de outras categorias já consolidadas e aí aproveitam-na para tentar melhorar seus salários, mas a grande maioria das categorias realmente estão com o salário desajustado e sem aumento acompanhado da inflação por anos.

Ano passado teve a greve dos servidores da educação nas Universidades Federais e uma curta greve dos professores, reivindicando plano de carreira e reajustes baseados nas inflações de anos anteriores. O Governo prometeu-os para o ano seguinte, mas o mesmo não cumpriu o que prometeu. A partir daí, os professores entraram novamente em greve, mas dessa vez de uma forma mais intensa, pedindo a negociação e o cumprimento do plano de carreira por parte do Governo. Já para os servidores, com o congelamento dos reajustes programado por 10 anos, se manteve e eles também entraram em greve, dessa vez, com o apoio dos estudantes (pois ano passado, a maioria dos estudantes eram contra a greve, por motivos de atrasos do calendário e reposição das aulas em janeiro do ano seguinte). Mas a situação é pior do que se imaginava e então, outras classes do Executivo, como o IBGE, INCRA e a FUNAI também aderiram ao movimento grevista. Dizem que essa greve está sendo uma das maiores do Brasil de todos os tempos.

Mas, voltando a situação da educação, os motivos das greves estão além da baixa remuneração. É só ver como andam os serviços prestados nas Universidades Federais, na infraestrutura em si e no nível de aulas ministradas. Aliás, o buraco é ainda mais embaixo, a começar pela precariedade das escolas municipais e estaduais. Não é novidade o brasileiro assistir a um noticiário de violência e tráfico de drogas dentro das escolas, materiais quebrados e depredados, ameaças de alunos a professores (e vice-versa)... eu tiro meu chapéu aos educadores e professores que trabalham nessas escolas públicas, pois além de terem salários ridículos (por exemplo, um professor de ensino fundamental ganha em torno de 1.300 reais por mês ou menos, dependendo da região), trabalharem em salas de aulas escancaradas com materiais de baixa qualidade, muitas vezes são tratados como os "responsáveis" no tratamento de alunos pela falta de educação de alguns. Os professores fazem o papel de professor e educador ao mesmo tempo, muitas vezes perdem tempo para chamar atenção dos alunos e o rendimento das aulas cai significativamente. Com tantos problemas na base da educação, como o Brasil vai querer melhorar as Universidades? E a responsabilidade não é apenas do Governo atual, mas também dos Governos anteriores, pois os problemas vivem se arrastando, muda de Governo e nada é providenciado, e quando os governos anunciam investimentos altos na área da educação, cadê o retorno esperado?

A sociedade também é responsável por isso. Não é apenas apertando algumas teclas no voto que acha vai melhorar a situação. Temos sim, que cobrar e acompanhar das autoridades e políticos, todas as promessas de campanhas. A sociedade também deve zelar pelo bem patrimonial e educar nossas crianças em parceria com as escolas, afinal, educação começa em casa e se complementa nas escolas. Os pais devem sempre acompanhar o aproveitamento de seus filhos nas escolas desde cedo e até mesmo nas universidades. Vamos zelar pelo que é nosso e lutar pelos nossos direitos de uma vida digna. Só assim para amenizarmos essas situações de greve e descaso. Aliás, a greve, um direito constitucional, é o último recurso para as reivindicações. Espero que a sociedade em si entendam os movimentos grevistas; greve não é farra ou férias, mas sim, uma luta para pressionar o Governo pelas condições dignas de trabalho. Mas repudio ações que possam danificar o patrimônio, prejudicar grupos que queiram trabalhar, ou mesmo "grevistas" que aproveitam da greve para viajar ou ficar em casa.

Atualmente, a educação brasileira pede socorro, mas ainda quero acreditar que o Brasil tem jeito. Apesar do cenário nebuloso, sempre teremos casos de progresso na educação em algum canto do pais. Se a gente não acreditar, aí sim que não tem jeito.


PS (foto): Se a remuneração dos professores universitários está ruim, imagine a dos professores de ensino fundamental em escolas públicas. De nada adianta o Brasil ser a "6a economia do mundo" se, na educação, estamos lá no fundo do poço. É preciso mudar isso!!

5 comentários:

  1. É triste mesmo a situação da educação em nosso país. E o pior é que é através da educação que teremos condições de formar pessoas com discerninto e com condições de escolher bons representantes, representantes que invistam em educação em todas as esferas, e buscando a solução real de todos os problemas que existem. É um círculo vicioso do qual é difícil sair e leva tempo. Mesmo depois que começarmos a investir, levará tempo para formar uma massa crítica.

    E o pior é que a própria classe de professores (sindicatos, mais especificamente) rechaça programas e medidas de governos que tentam melhorar a educação. Um exemplo é a briga constante contra a meritocracia que foi implantada nas escolas aqui no estado de SP. Claro que não é só isso, mas seria um começo.

    Sabe, Ocho, vou te contar que não tenho muitas esperanças de que isso vá mudar nos próximos anos. Com um governo assistencialista e que não preza educação de qualidade - que tem que começar na base, diga-se - acho que vamos continuar nesta situação calamitosa por muitos e muitos anos. Infelizmente.

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    1. Bom, esperança é a última que morre, de acordo com um certo ditado. Mas eu também não dou muita fé em boas mudanças em curto prazo, enquanto não houver mudança de mentalidade do povo brasileiro, pois a c***da é mais fundo do que se imagina (os políticos atuais são apenas reflexos da nossa mentalidade)...

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  2. Eu não acredito que vou conseguir ver mudanças reais no meu tempo de vida.
    Este ano já teve greve de novo, é?

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  3. Preciso de seu nome para poder dar o crédito pelo comentário em minha dissertação de mestrado.
    Obrigado

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  4. Anônimo2/4/13 11:20

    Soyu ainda pequena e espero um dia fazer a diferença , para a sociedade concordo com a publicação obigada por ter abrido os olhos de nossa população

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