13 de fev. de 2012

Valorize o produto brasileiro... desde que seja de qualidade (e preço competitivo)

Com a globalização recente e a importação superando a exportação em nosso país em 2011, não é de se estranhar que temos muitas, mas muitas mercadorias "made by gringos" no comércio brasileiro, especialmente mercadorias chinesas. Com a valorização do Real e mercado cada vez mais competitivo, os produtos importados têm se destacado no Brasil com preços mais atrativos e até com qualidade mais aceitável (produtos chineses, por exemplo). Com esse cenário, voltamos aquela velha ideia de que os produtos importados estão tirando os empregos de muitos funcionários de fábricas nacionais, etc...

Eu, particularmente, tento valorizar os produtos brasileiros, claro. Os produtos alimentícios nacionais ainda são bem mais em conta e a qualidade ainda está no patamar aceitável. Seja de biscoitos, bebidas, enfim, alimentos em geral. A fartura na agricultura e na pecuária em nosso país dá essa predominância no ramo alimentício em nosso país. Mas e outros produtos?

Calçados, eletrônicos, produtos de informática, carros e outros produtos industrializados ainda estão bem aquém do esperado. A história brasileira já nos dizia do Brasil ser um ótimo exportador de matérias primas para outros países a preços ridiculamente baixos e um grande comprador de produtos industrializados a preços astronômicos. O chato mesmo era que a matéria prima desses produtos industrializados saíam muitas vezes do Brasil. Não tínhamos tecnologia para fabricar tais produtos, mas éramos ótimos fornecedores "naturais" de matéria prima.

Hoje em dia a história já não é tanto assim, apesar de que ainda estamos estacionados nesse patamar de "grande exportador de matéria prima". O problema já começa aí. Não temos uma cultura de desenvolvimento tecnológico, se compararmos com outros países emergentes, como a China, a Rússia e a Índia. A bela paisagem natural e a rica fonte de recursos naturais do Brasil fazem com que o brasileiro invista ainda forte no setor agrícola e mineração, mas não invista de forma maciça no setor tecnológico. Mudança de paradigmas é necessário para nosso país.

Os altos impostos e a ganância de empresários e políticos brasileiros também fazem do nosso país, o campeão de juros altos e preços de equipamentos tecnológicos. Só para se ter uma ideia, o preço do iPad no Brasil é o mais caro do mundo!! O carro fabricado no Brasil, com o mesmo modelo fabricado em outros países é muito caro. Até mesmo a diferença de um carro importado com um carro nacional não é tão gritante assim. Até publiquei faz tempo uma comparação de preços de vários produtos do Brasil em relação a outros países. Muita coisa está errada em nossa política de mercado econômico.

Eu realmente tento valorizar o produto brasileiro. Não é porque temos essa situação lamentável que vou deixar de comprar produtos brasileiros. Todos nós brasileiros temos que incentivar a economia brasileira, mas como disse no título: desde que o produto e o serviço sejam de qualidade a preço competitivo. Serviços também entram na jogada. Por exemplo, você iria preferir viajar para Fortaleza ou para o Caribe, ambos com mesmo preço de passagem? É claro que para o Caribe. Não adianta o Governo incentivar o brasileiro a viajar dentro do Brasil se os preços estão muitas vezes até mais caros do que se fosse viajar para o exterior.

Por isso que não é a toa a enorme invasão de produtos "xing-ling". O próprio Brasil favorece a entrada desses produtos. A qualidade desses produtos chineses ainda são lamentáveis, mas o brasileiro ainda prefere adquirir um desses do que pagar três ou quatro vezes mais caro a um produto nacional ou importado com selo do Inmetro. Se o "xing-ling" falhar, o brasileiro, com sua fama de "jeitinho brasileiro", dá um jeito. Aliás, esse tal "jeitinho brasileiro" se dá também por causa desses fatores. Carro velho no Brasil ainda há aos montes. Como a lei brasileira é fraca, "calhambeques" sucateados de quinze, vinte anos ainda circulam livremente.

Mas, um exemplo de progresso, mesmo que lentamente, está na empresa da marca "Positivo". Além da famosa instituição de ensino, a Positivo está no mercado de informática já a vários anos no Brasil. Para tais produtos, a Positivo ainda é sinônimo de "meia-boca", nível de qualidade um pouco acima dos "xing-ling", mas que a empresa tem melhorado consideravelmente em termos de qualidade em relação ao começo. Mas o problema do tal "custo-benefício" ainda está longe de ser "positivo". Os produtos ainda são caros, se compararmos com a capacidade e a durabilidade de seus produtos. E são mais caros que os "alternativos chineses". Um exemplo? o tal tablet Ypy da Positivo.


Enfim, este post é mais um desabafo mesmo. Com essas especificações, fica difícil tentar valorizar algum produto ou serviço brasileiro, mas não perco as esperanças de que o país possa realmente revolucionar de maneira significativa na economia, na política e no progresso.

3 comentários:

  1. a lógica do mercado sempre foi essa: o melhor produto pelo menor preço. Se a indústria brasileira não é capaz de competir ou produzir algo de qualidade aceitável, o concorrente de fora o fará.
    Solução?
    Investimento em educação. Foi isso que o Japão fez depois da 2a Guerra e a Coréia mais recentemente.

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  2. Mais um excelente post Ocho! O Brasil ainda está na época do extrativismo e da exploração, com a cultura e a educação se desenvolvendo extremamente devagar... Acho que a fartura de recursos e matéria prima deixam os governantes e empresários muito acomodados... A nossa própria cultura reflete esse comportamento, pois posso observar essa mesma postura num ambiente menor, como no caso de muitas empresas... E aí abre espaço pra concorrência de fora...
    Apesar de tudo também prefiro me manter otimista e acreditar que podemos encontrar boas oportunidades para praticar aquilo que acreditamos...

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