
Quando eu vi a notícia de que aquele grande console (em termos de tamanho) chamado Neo Geo faria 20 anos desde seu surgimento, me bateu uma nostalgia gamemaníaca como naqueles games nostálgicos que volte e meia tenho postado por aqui.
Há 20 anos atrás, os fliperamas foram a vanguarda dos games. Nos idos da década de 80, a tecnologia que cercava os chamados arcades era muito superior a dos videogames domésticos, e o sonho de todo gamemaníaco era ter aquela experiência no conforto do lar.
SNES e Mega Drive bem que tentaram, mas ainda havia um abismo entre as plataformas "profissionais" e domésticas. As máquinas de fliperama são produtos caros, e em 1990, a SNK, fabricante de games de Osaka, teve a ideia de produzir um sistema de arcade de baixo custo, com jogos gravados em cartuchos.
Esse sistema foi chamado de Neo-Geo, e fez sucesso entre casas de fliperamas menores, já que o uso de cartuchos permitia ter uma variedade de games sem precisar instalar mais máquinas. E o melhor: com preços muito mais em conta.
Não existe registro de quando o Neo-Geo foi disponibilizado pela primeira vez, mas os games de estreia da plataforma saíram em 26 de abril de 1990: "NAM-1975", "Mah-Jong Kyôretsuden", "Baseball Stars Professional" e "Magician Lord". Em 1º de julho de 1991, o Neo-Geo AES passou a ser vendido nas lojas, mas seu alto preço não permitiu ser um sucesso.
O console impunha respeito, tanto pelo tamanho quanto pela qualidade dos jogos, que eram rigorosamente idênticos ao fliperama, por usar a mesma tecnologia, porém os cartuchos tinham o tamanho de um livro de 300 páginas. O joystick também era grande, com modelo de fliperamas. Os dados eram gravados num cartão de memória; o Neo-Geo foi um dos primeiros a usar esse sistema.
Apesar dos processadores do Neo-Geo fossem similares aos do Mega Drive, o console da SNK tirava qualidade de seu sofisticado chip gráfico e da grande quantidade de memória disponível nos cartuchos. Sendo um sistema também para fliperamas, lugar onde o Neo-Geo fez mais sucesso, os primeiros games da plataforma era de ação e tiro, além de títulos de esporte (o console teve vários games de futebol).

Foi um começo tímido, e demorou quase um ano para a SNK lançar outro game de luta, "Art of Fighting", que impressionava pelos personagens enormes e o efeito de zoom (um pouco antes, a ADK tinha lançado "World Heroes"). Esse também foi o primeiro game da linha "100 Mega Shock", ou seja, com 100 megabits de dados (para efeito de comparação, "Sonic 2", um dos maiores sucessos para Mega Drive, tinha 8 megabits). Depois vieram "Fatal Fury 2", "Samurai Shodown", "Fatal Fury Special" e "Art of Fighting 2", além de mais dois "World Heroes" pela ADK.
O ano de 1994 foi marcado pela série de maior prestígio da SNK, "The King of Fighters '94", que tinha como novidades um sistema de trio de personagens e um elenco vindo de vários jogos da SNK.
Para se ter ideia de quanto os jogos de luta foram predominantes no Neo-Geo, dos 150 games lançados, 50 podem ser considerados do gênero, ou seja, a cada três games para o console, um era de combate mano-a-mano. A SNK se deu bem enquanto a moda esteve em alta, e foi um rival à altura da Capcom, mas, na metade final da década de 90, o gênero foi marcado pela lenta decadência, e na mesma direção seguia a fabricante do Neo-Geo.
Fim de uma era
O Neo-Geo também enfrentava uma mudança de paradigma no que se referia a gráficos. Com a entrada no mercado de videogames como o PSOne, Saturn e Nintendo 64, os games passaram a exibir cenários em 3D, tecnologia que o videogame da SNK não dispunha.

A história da SNK acaba em 2001, mas logo "renasce" como Playmore (atual SNK Playmore), e dá continuidade aos projetos do Neo-Geo. Até algum tempo atrás, a SNK Playmore fazia também aqueles games crossover a la X-Men vs Street Fighter, como o "SNK vs Capcom" (detalhe: a Capcom já tinha feito antes o "Capcom vs SNK").
A assistência técnica ao Neo-Geo foi encerrada em 2007, mas, neste ano, por conta das comemorações de 20 anos do console, o serviço foi reaberto, sabe lá até quando. Quanto à SNK Playmore, a empresa continua na luta, porém não está numa fase boa, pois seus games (de luta, principalmente) não conseguem ser mais inovadores. Atualmente, a Playmore trabalha em "The King of Fighters XIII". (já perdi as contas de trocentas versões desse game)