9 de abr. de 2010

Exemplo de Organização, Estrutura e Cidadania

Irônico eu ter postado anteriormente sobre os números e as condições do Lixo Sólido no Brasil e no dia seguinte, acontece a tragédia anunciada nas encostas de Niterói. Por que nós, Brasileiros, temos tido tamanha frequência de desastres como este de Niterói, fora os recentes casos de deslizamento de terra em Angra dos Reis na virada deste ano e os casos de Santa Catarina em 2008? Qualquer chuva que cai, parece que estamos a mercê desses problemas de alagamento, queda de árvores e deslizamento de terra. Até quando teremos que aguentar isso?

Abaixo, coloco uma reportagem de exemplo de organização e estrutura, onde deveríamos nos espelhar e nos conscientizar cada vez mais sobre a importância de um bom planejamento, uma boa infraestrutura e especialmente, uma boa educação e cidadania.

"Moradores de bairro japonês reaproveitam quase 100% do lixo"
Reportagem: Roberto Kovalick
Fonte: Globo.com


O que faz os japoneses serem tão cuidadosos é a educação: eles começaram a separar o lixo há 500 anos.

O trem parece saído de um filme de ficção. Sem maquinista, totalmente automático, passa pelo meio dos prédios a 20 metros de altura. O destino é o bairro mais moderno de Tóquio. Fica em uma ilha artificial, aterrada e construída – em grande parte – com lixo.

Ali, os japoneses ergueram hotéis, shopping centers, sedes de grandes empresas. Tem até roda gigante e uma réplica da Estátua da Liberdade. Não e só a aparência, Odaiba é como os japoneses esperam, que seja o futuro: eficiente e limpo. O bairro é um exemplo de convivência com o lixo: praticamente 100% são reaproveitados.

O brasileiro Akira morou aqui por dois anos. Agora está de mudança e, como acontece nessas situações, está produzindo muito lixo. Ele nos leva até a lixeira do prédio para mostrar que, para viver em uma sociedade limpa, é preciso obedecer a muitas regras. Para reciclar, Akira só tinha plásticos, por isso foi tudo em uma lixeira só. Mas geralmente, dá mais trabalho: é preciso separar o lixo em mais de 10 categorias.

“No começo não é natural separar tanto lixo. No Brasil estamos acostumados a uma lixeira só. Depois, isso começa a ficar natural”, diz o brasileiro.
Parte do lixo que não pode ser reciclada: restos de comida, papéis sujos. Isso é levado em um saco para outra sala.


O lixo segue automaticamente para uma usina. Tubos trazem o lixo para a usina. São cinco tubos, vindos das cinco regiões do bairro. São como gigantescos aspiradores de pó, sugando o lixo diretamente para a usina.

Lá dentro, toneladas de lixo são despejadas a cada minuto. Uma gigantesca garra mecânica, controlada por um comando parecido com o de videogame, recolhe tudo e joga na fornalha. O calor gera eletricidade. Tudo funciona automaticamente. Os engenheiros ficam só de olho para o caso de alguma pane. Nenhum grão de sujeira é desperdiçado.

As cinzas que sobram dessa queima são reaproveitadas, por exemplo, para pavimentar as ruas.

O engenheiro explica que, provavelmente, o ar expelido pela usina é mais limpo do que o que se respira em Tóquio. A energia produzida a partir do lixo abastece até 10 mil residências. E um dos clientes é um ginásio de esportes que, para combinar com o estilo do bairro, se parece com uma nave espacial.

As piscinas do centro esportivo são usadas pelos moradores do bairro, que pagam uma taxa baixa – R$ 6 – para nadar por duas horas aqui. A água é mantida sempre a 30º. Graças à energia vinda da usina de lixo, ninguém precisa passar frio.

Os moradores aproveitam os benefícios de viver em um bairro que é um dos mais limpos do mundo. O resto do Japão não chega a ser assim, mas também não é muito diferente.

As regras de separação de lixo variam de bairro para bairro. Alguns multam os que não obedecem. Mas o que faz os japoneses tão cuidadosos é a educação: eles começaram a separar o lixo há 500 anos, é uma tradição aprendida na escola e com a família.

No Japão, não há lixeiras nas calçadas. Se a gente quiser se livrar de uma garrafa de refrigerante, por exemplo, precisa ir até uma loja de conveniência, onde há um ponto de coleta para reciclagem. O lixo é dividido em quatro categorias. Aí tem que fazer assim: primeiro joga o resto do refrigerante no ralo. A garrafa tem que estar vazia. Depois, arranca o rótulo, que vai para a lata dos plásticos. Finalmente, pode jogar a garrafa fora, no lugar apropriado.

Dá trabalho? Claro que dá. O prêmio é viver em cidades que raramente alagam em dias de chuva e com ruas que parecem sempre ter acabado de passar por uma boa faxina.

6 comentários:

  1. A matéria mostra o exemplo de Tóquio, mas, em todo o Japão este perfil de comportamento é o mesmo. Em algumas cidades do interior, grupos de voluntários saem aos domingos para coletar o lixo espalhado involuntariamente nas ruas. O sistema de coleta, possuem caminhões novos, seguros, e os operários todo o equipamento de segurança necessário. E é óbvio, devem ser bem remunerados. Educação também se faz com salário decente! Abraços! Parabéns pela postagem!

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  2. Olha! o Gundam ainda está lá. Hahaha!
    Quando a gente ouve que Curitiba foi eleita a cidade mais sustentável do mundo, começamos a imaginar quais foram os critérios avaliados.

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  3. Que maravilha! Todo mundo deveria agira assim, é um absurdo existir lixo.

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  4. Realmente maravilhoso!! A gente fica até emocionado!

    Eu já queria conhecer Odaiba por causa do Gundamm, agora, é parada obrigatória!!!!!

    Adorei Ochinho.

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  5. Japão é um país onde sempre podemos nos espelhar em termos de organização e educação. A estrutura é consequência.
    Também achei estranho que Curitiba tenha ganho o prêmio de cidade mais sustentável. Apesar do progresso na separação de lixo, parques, etc..., ainda acho que está longe de ser considerada exemplo de melhor cidade sustentável do mundo, segundo os organizadores.
    Pena que não pude conhecer Odaiba, mas na próxima viagem será obrigatória quando for passar por Tokyo.

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  6. Infelizmente, na maioria dos casos, é sabido pelas autoridades locais que existe o risco de desmoronamento mas nenhuma providência é tomada, a não ser quando já é tarde...
    Outra coisa é a educação, a cultura. Eu não imagino o pessoal fazendo aqui como se faz lá no Japão, de separar tudo bonitinho (e tô falando de cada um dos cidadãos, que já são educados pra isso). Nem em locais onde as pessoas são teoricamente instruídas, a coisa não é 100% em matéria de separar tudo, quanto mais a população toda...

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