31 de mar. de 2010

Afinal, o que é competência?

Por Roberto Shinyashiki

Em certa ocasião, durante quase seis meses procurei um gerente para um negócio que eu estava abrindo. Surgiam candidatos com currículos sensacionais, além do que conhecidos me indicaram pessoas com históricos fantásticos. Mas, na hora da entrevista, não me empolgava com ninguém.

Conversando com amigos especialistas da área, chegamos à conclusão que faltavam – e ainda faltam − pessoas competentes no mercado de trabalho.

Chegamos à conclusão de que poucas pessoas souberam dar o salto qualitativo para ser bem-sucedidas no mundo empresarial de hoje. Os currículos mostram o que estudaram, mas não o que aprenderam. O que fizeram, mas não o que serão capazes de fazer.

Então, na hora da entrevista de emprego, falta apresentar o que não está nesse resumo profissional: o compromisso com metas e a predisposição para enfrentar obstáculos, por exemplo. Falta um brilho no olhar, algo que as empresas de recolocação não ensinam como conseguir.

Esse tal brilho, só os candidatos que esbanjam atitude têm. Para provar que você é um desses, acho importante mostrar-se interessado e informado sobre a empresa na qual pretende trabalhar. Pesquise quem é ela, visite seu site, demonstre iniciativa e curiosidade.

Também tome cuidado com o que diz procurar no novo emprego a que está se candidatando. Está querendo menos responsabilidades, menos correria e menos cobrança? Tenha certeza de que, dessa forma, só dará tiro para fora do alvo. Em qualquer lugar que atuar, terá de apresentar resultados e, para isso, precisará assumir responsabilidades e tudo mais que vier no pacote.

Há alguns anos, dei uma palestra no Nordeste. Após a exposição, uma participante veio conversar comigo. Disse que, ao me ouvir falar, concluiu que a pequena cidade onde morava não tinha espaço para seus sonhos. Percebi que minhas palavras serviram de motivação para ela. Passado algum tempo, quando a reencontrei, a moça já era assistente de marketing numa empresa em São Paulo. Hoje, é chefe do departamento. E me contou que está treinando para ser palestrante.

Ser competente não é apenas sair fazendo todos os cursos caros que encontrar, embora desenvolver conhecimentos e habilidades seja uma obrigação do profissional atual. É também, e principalmente, esbanjar garra para chegar aonde quer. É ter atitude.

O que fazer para chegar lá? Tenha prazer de investigar o desconhecido, seja consciente de que sozinho não realiza nada, saiba que é necessário vender uma idéia dentro da organização antes de vender para fora e aja unindo razão e emoção.

Outra maneira de falar a mesma coisa: competência significa trazer resultados. E você só consegue isso se trabalhar sério e gostar do que faz.

As pessoas experientes, que já têm seu talento reconhecido, devem se questionar: “Será que continuo com vontade de correr atrás da bola, como um Oscar jogando basquete, ou apenas passeio pela quadra achando que meu nome, por si só, vai entregar o que eu prometi?”

Aos profissionais que estão começando, um conselho: ter boa autoestima é importante, mas humildade é fundamental. Se você for arrogante, com certeza terá problemas.

Finalmente: por favor, pare com a mania de reclamar da empresa e colocar a culpa nos outros. Além de ficar feio, não ajuda ninguém a evoluir.

Para se tornar um profissional nota 10, apareça para o jogo. Não se esconda nas dificuldades. Não culpe o mundo pelos obstáculos e assuma para si a responsabilidade pelos resultados. E nunca deixe de pensar sobre suas atitudes se quiser se sentir competente e ser reconhecido como tal.

Publicado em 18/01/2010 - fonte: http://shinyashiki.uol.com.br

24 de mar. de 2010

J-Dorama (II): Last Friends (ラストフレンズ)

Mais um J-DORAMA concluído. "Last Friends" conta a história de uma garota chamada Michiru Aida (Masami Nagasawa) que resolveu sair do apartamento de sua mãe para morar junto de seu namorado, Sosuke Aikawa. Michiru encontra uma grande amiga da época de faculdade após 4 anos de sua formatura. Porém, a amiga de Michiru, Ruka Kishimoto, sempre a considerou como mais que uma grande amiga, desde a época da faculdade. E depois que Ruka descobre que Sosuke é muito ciumento e chega até maltratar Michiru, ela resolve tentar protegê-la, mas sem mostrar-lhe seu verdadeiro sentimento em relação a sua amiga. Mas a história não se passa somente entre Michiru, Sosuke e Ruka. As duas protagonistas também se envolvem com outros personagens que vão morar juntos em uma "share house" e conta as histórias desses outros personagens.

Last Friends é realmente um verdadeiro J-DORAMA, no caso, drama mesmo. Mas não chega a ser tão dramático, como foi com "Um Litro de Lágrimas". Last Friends conta com a participação da Masami Nagasawa, atriz consagrada no Japão que foi eleita a "queridinha" do Japão em 2008, e também participa ainda de muitos outros projetos cinematográficos e presença em vários comerciais de TV, como sendo, por exemplo, a garota propaganda da NTT Comunications (a maior rede de telecomunicações do Japão). Mas foi com a atuações da atriz Juri Ueno, que interpretou a Ruka, e o ator Eita, que interpretou o Takeru que a novela ganhou destaque.

A história em si é interessante e prende a atenção do telespectador, mas envolve uma certa dramatização que, quem não gosta muito de histórias dramáticas, pode não encarar bem a novela. Entretanto, como disse antes, a história é envolvente e eu a recomendo. Last Friends possui 11 capítulos mais um especial (epílogo).

18 de mar. de 2010

A Complexidade dos Trens de Alta Velocidade

Numa palestra sobre Sistema de Transporte de Alta Velocidade (TAV), no Instituto de Engenharia do Paraná, o engenheiro eletricista Fábio Tadeu Alves, do Metrô de São Paulo, discorreu sobre a complexidade da engenharia de ferrovias pela variada gama de profissionais que exige em setores como infraestrutura, estações, material rodante, operação, sinalização e controle, marketing, manutenção, aspectos financeiros e legais e gerenciamento e todas as suas interfaces.

Justamente por isso, disse que as universidades brasileiras deveriam se voltar com ênfase para a formação de profissionais destinados ao desenvolvimento e aperfeiçoamento dos trens de alta velocidade, modelo que começa a tomar corpo no Brasil, com a já anunciada linha Rio de Janeiro-São Paulo, sua extensão a Campinas e futura interligação com Curitiba e Belo Horizonte.

Destacou o estudo desenvolvido, para o trecho Curitiba-São Paulo e a possibilidade de integração com Santa Catarina, Rio Grande do Sul e países do Mercosul.

Entre os fatores para adoção do TAV, Fábio citou algumas como: tempo de viagem, substancialmente reduzido; tráfego livre; socioeconômico, com o desenvolvimento das localidades atendidas e no entorno das estações, com ênfase para o setor de serviços, além de ajustes nos planos diretores das cidades; meio-ambiente, pois causa menos poluição e menor impacto ambiental: uma ferrovia necessita de espaço de apenas 12 metros de largura e uma rodovia com duas vias triplas, de 47 metros.

O palestrante traçou, ainda, um paralelo entre tempo/percurso entre as viagens de carro, trem e avião e informou que o TAV é o preferido para extensões em torno de 700 quilômetros e de uma hora e meia a três horas de viagem.

Abordou também vários estudos de caso de TAV na Inglaterra, Espanha, Alemanha, Coreia, Japão e França e a adoção da levitação magnética (Tecnologia MagLev), em testes no Japão e na Alemanha e em operação na China.

Ao finalizar, citou que "gerenciar um sistema ferroviário com sucesso significa controlar todas as interfaces entre subsistemas de maneira efetiva, garantindo que os fatores humanos estão sendo apropriadamente considerados e que as necessidades do meio ambiente estão sendo respeitadas a todo o momento".

É um passo enorme para a reestruturação do transporte de alta qualidade e de rapidez entre as cidades do Brasil, não ficando dependente somente dos transportes rodoviários, que já estão mais do que saturados, e comprovadamente, com maiores custos de manutenção e menos segurança. Os projetos estão lá. Só falta agora o começo da implantação, realmente.

Para maiores informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trem_de_alta_velocidade_no_Brasil

12 de mar. de 2010

Artigo: NA HORA CERTA!

“Desculpe o atraso!”
Você já ouviu isto antes?
Claro que já, e normalmente acompanhado de um sorriso amarelo ou da mais absoluta cara de pau, como no caso dos atrasados contumazes.
As justificativas são variadas e vão do trânsito à dor de dente do filho. Verdadeiras ou não, a realidade é que não passam desculpas.
Cumprir prazos e horários nunca foi fácil. Requer esforço e disciplina.
Mas é possível e vale a pena.
O rigoroso cumprimento dos limites de tempo é um importante diferencial profissional e um fator que adiciona qualidade à vida.
Mais do que isto, honrar hora e data é uma manifestação de respeito para com aqueles que dependem de você para uma reunião, consulta médica ou passeio.
Já tive o desprazer de assistir a uma criança de quatro anos angustiada e dizendo: - Tá na hora da escola, pai! – a resposta foi: - Relaxa, fulaninho, não tem problema chegar dez minutos atrasado.
Este pai presta um enorme desserviço ao menino e à sociedade ao programar a mente de seu filho para um padrão crônico de atraso. O garoto pagará caro por isto no futuro.
Pontualidade pode vir a ser um aspecto forte de nossa cultura e isto depende essencialmente de você. O exemplo sensibiliza para a mudança.
Ao perceber sua pontualidade, seu colaborador, cônjuge ou filho começará a pensar em um novo padrão de conduta.
A esta altura, o cronicamente atrasado lendo este artigo, já começou a se justificar dizendo que nem sempre será possível cumprir horários.
Todos nós sabemos que imprevistos surgem. Acontece que, com disciplina, os atrasos serão exceção e não algo comum.
Trabalhei por onze anos em uma mesma empresa e nunca me atrasei. Já apresentei mais de seiscentas palestras e cursos e me atrasei uma vez, em sete minutos, por falha mecânica no veículo.
Sou uma pessoa diferente?
Não!
Mas disciplinadamente faço uso de uma técnica de gestão do tempo que pode mudar sua vida.
Que técnica é esta?
Simples!
Margens de segurança temporal!
Isto mesmo! Saia cedo de casa! Saia com bastante antecedência para os seus compromissos!
Algumas pessoas argumentarão: “Isto é má gestão de tempo, afinal você poderia ficar em casa fazendo outras coisas e sair no horário limite. Além do mais, se chegar muito cedo, não terá o que fazer em seu destino.”
Simples! Leve um livro, jornal ou revista!
Ler é excelente aplicação de tempo. Eu não saio de casa sem algo para ler.
O péssimo hábito do horário limite é uma armadilha e uma ilusão. Ele funcionará, se nada de diferente acontecer no caminho e o que não se verifica em muitas das vezes, ou seja, você vai se atrasar com razoável frequência.
Isto é constrangedor para você e injusto com aqueles que o aguardam.
Uma das maneiras de educar as pessoas neste sentido é ser muito firme com quem se atrasa. Não permita a entrada de atrasados na reunião e vá embora do local de encontro quando chegar o horário limite.
Este tipo de atitude produz estresse e você provavelmente será chamado de radical, mas os resultados aparecem, se pagarmos o preço inicial.
Naturalmente este rigor não fará sentido se não for, você mesmo, um exemplo de pontualidade. A primeira pessoa a educar somos nós mesmos.
O trânsito é ruim para todos e cada um tem desafios a enfrentar, a diferença é que alguns cumprem horários e outros não.
Desculpas não resolvem problemas, não produzem dinheiro e não enchem a barriga de ninguém. Com um pouco de inteligência e criatividade, posso “justificar” quase qualquer coisa, o que não me autoriza ao atraso.
Seu cliente, chefe ou esposa, não quer explicações, quer resultados. Esteja lá no horário e não vai precisar explicar nada.
Volto a repetir amigo, que eu sei e sei por experiência própria, que o hábito da pontualidade não é fácil, mas é possível e vale a pena.
Pense nisto e ajude a construir um novo Brasil que chega na hora certa!

Por: Alan Schlup Sant’Anna (escritor, palestrante, consultor, autor dos livros DISCIPLINA: O CAMINHO DA VITÓRIA e EQUILÍBRIO EM UM MUNDO DIFÍCIL)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL GAZETA DO POVO EM 26.02.2010

8 de mar. de 2010

Game Nostalgia (IX): Castlevania - Symphony of the Night

A versão para Plastation One de "Castlevania: Symphony of the Night", na minha opinião, foi um marco na popularidade da franquia "Castlevania", criada pela famosa Konami. Não pela história, mas pelo estilo de jogo, que misturou ação com plataformas e RPG (Role Playing Games).

Nessa versão para PSOne, o filho de Drácula, Alucard, resolve enfrentar os inimigos do castelo de seu próprio pai para tentar por fim nos planos de Drácula. O castelo mais se parece com um enorme labirinto, cheio de salas com itens a adquirir, e é claro, muitos inimigos. Apesar de longo, o game foi meio viciante, na qual eu não conseguia jogar somente alguns minutos antes do próximo "save point".

Tecnicamente, os gráficos foram ótimos para a época e o som é um caso especial, com uma trilha sonora incrível (cheguei a baixar os mp3 do jogo). Para quem conhece o game, meu OST favorito chama-se "Lost Painting", claro, além do tema final "I am the Wind". Na época do PSOne, passei muitas horas jogando o game, mas não consegui completar o mapa inteiro (normal e invertida). Recentemente, joguei-o novamente no emulador e dessa vez consegui um progresso melhor, pois na época, não sabia de muitos truques e habilidades que Alucard conseguia fazer (tinha que usar comandos de golpes de luta, tipo, "meia lua pra frente no joystick" para que Alucard pudesse fazer diversas magias). Confesso que tive que recorrer a tutoriais para saber como fazer tais magias... Como a gente era feliz nos anos 90, rs ^^.

Bom, resumidamente, mais um game que marcou a indústria dos games, na época dos jogos da era Clinton. Recomendado.

5 de mar. de 2010

A Influência dos Sons

Antigamente, as pessoas tinham pelos barulhos, a percepção de alertar ou prevenir várias ameaças e fatos, especialmente sons da natureza. Com o progesso da industrialização, vários sons têm até perturbado a gente, que criamos um certo "bloqueio" para ignorá-los, como o barulho dos automóveis, etc. Julian Treasure, pesquisador há anos sobre a influência dos sons no nosso cotidiano, fala sobre como a gente têm encarado os sons corriqueiros do dia a dia, até aquela musiquinha ambiente das lojas podem influenciar no poder de compras dos clientes. A seguir, alguns trechos da entrevista que a revista SUPERINTERESSANTE deu aos leitores.

Pergunta: O som está cada vez mais inconsciente, na sua opinião? Por quê?

Resposta: Muitas pessoas eram cercadas só pelo barulho do vento, da água, dos pássaros. A audição era nosso sentido de alerta, indicando ameaças. Com a industrialização, criamos o hábito de suprimir os ruídos das cidades e ignorar a audição. A maioria dos efeitos dos sons ao nosso redor se moveu para um plano inconsciente. Hoje dependemos demais dos olhos e não compreendemos como os sons influenciam nossa vida.

P: Os sons, então, podem nos deixar alertas ou relaxados, é isso?

R: Sim, sons têm um efeito psicológico, dependendo da associação que fazemos. Muitos acham o canto dos pássaros reconfortante, pois ao longo da evolução aprendemos que tudo está tranquilo quando os pássaros cantam. O mar nos relaxa, porque tem uma frequência de 12 ciclos por minuto - a mesma da nossa respiração quando dormimos. Mas não é só isso. Sons interferem no funcionamento do nosso corpo. Uma sirene gera uma descarga do hormônio cortisol, que acelera o nosso coração. Além dos efeitos que podem influenciar o nosso comportamento.

P: Como assim?

R: Por exemplo: se alguém puxa papo enquanto você trabalha no computador, sua concentração vai piorar. É porque você usa a memória sensorial para manipular símbolos e palavras, e a conversa afeta seu senso de espaço - afetando sua produtividade. Escritórios amplos e barulhentos derrubam em 66% a produtividade dos funcionários. Nesses lugares, um fone de ouvido e música ambiente ajudariam você a se concentrar no trabalho.

P: Poderíamos usar sons para manipular os outros?

R: Sim. O ambiente musical tem um efeito radical sobre compras. Mas as empresas, em geral, não sabem disso. Em lojas de departamento, uma música inapropriada pode reduzir as vendas em até 28% (como música infantil em loja de crianças, que pode espantar os adultos). A mensagem captada pelos olhos do cliente é "entre e gaste seu dinheiro", mas os ouvidos escutam "vá embora, ambiente hostil". Ou então a música pode influenciar a decisão dos clientes, como aconteceu numa loja de vinhos inglesa. Apesar de os vinhos franceses serem mais tradicionais, eles eram menos vendidos do que os alemães quando a loja tocava música da Alemanha, ou seja, o som foi capaz de vencer a tradição.

P: Quais são suas conclusões?

R: A busca pelo uso eficiente do som é o ponto em comum entre as duas atividades. E hoje é um novo tipo de marketing, que tem crescido. Esperamos transformar o som dos negócios e o modo como o mundo soa ao nosso redor.



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28 de fev. de 2010

Olimpíadas de Inverno 2010 - Vancouver

No Brasil, as Olimpíadas de Inverno nunca foram muito interessantes como nas Olimpíadas de Verão, por vários motivos óbvios, como a localização geográfica desfavorável para as competições e treinamentos.

Além disso, as emissoras de TV abertas quase nunca mostravam algo das Olimpíadas de Inverno, pois a maioria das provas são desconhecidas pelos brasileiros e não tinham interesse em investir em transmissões de competições nada tradicionais para o povo tupiniquim.

Mas, este ano, uma emissora de TV aberta, que conseguiu contrato exclusivo de transmissão dos Jogos Olímpicos, resolveu sacrificar sua programação rotineira na TV para transmitir tais Jogos Olímpicos desconhecidos para o brasileiro. E confesso que a jogada estratégica foi muito boa. Além de ter tido uma audiência excelente, foi uma novidade para a TV aberta brasileira.

Especialmente, na semana do carnaval, onde a maioria das TVs só mostravam folias e desfile de carnavais, tínhamos opção de assistir aos Jogos Olímpicos de Inverno, pois, senão, provavelmente minha TV estaria desligada por um bom tempo na semana.

Não quero elogiar tal emissora, pois eu repudio o dono dela (ganhando horrores com sua igrejinha em cima da ingenuidade das pessoas e ainda tendo isenção de impostos. É muita cara de pau e malandragem... mas isso é outra história). Porém, pelo menos, pudemos assistir agora competições olímpicas que, antes, eram desconhecidas para a maioria.

Para mim, o grande destaque foi as competições de patinações artísticas. Especialmente a competição feminina, entre a patinadora japonesa Mao Asada (ídolo máximo dos japoneses) e a patinadora coreana Yu-Na Kim. Minha torcida era, obviamente, para a "Mao-chan", mas tenho que admitir que a coreana foi bem mais superior que a japonesa. Por isso, meus aplausos para Yu-Na Kim.

Finalizando, apenas uma observação: Será que a grande emissora global, (que também não é nada santa), vai tentar cutucar e tirar um lasco dos próximos jogos depois do sucesso da transmissão dos Jogos de Vancouver pela emissora do tal bispo? Só espero que apareçam programações com mais qualidade e honestidade nos investimentos. Coisa que, na minha opinião, raramente ainda vai acontecer.


21 de fev. de 2010

J-Dorama (I): Densha Otoko (電車男)


Tenho assistido algumas novelinhas japonesas, chamadas J-DORAMAS. Diferentemente das novelas tradicionais, J-DORAMAS são de curta duração (como se fossem as mini-séries brasileiras), são exibidas uma vez por semana no Japão e não todos os dias e, geralmente, não são tão enrolativas como as novelas tradicionais. Assim como os "animês", os "doramas" japoneses têm feito sucesso gradativamente a nível mundial e cada vez mais "fansubs" têm disponibilizado legendas em várias línguas.

"Densha Otoko" ("Homem Trem" na tradução literal) é um daqueles mais "lights" comedianas, com alguma dramatização, onde um "otaku" de carteirinha, que nunca namorou na vida, conhece uma garota que a "salva" de um maníaco numa viagem de trem (daí o nome Densha Otoko). A partir daí, ele resolve entrar num fórum na internet para pedir conselhos amorosos, usando seu nickname do título da novela.

"Densha Otoko", apesar, de ter uma abertura totalmente "animezada", não tem nada de animê, a não ser por causa da "otakice" do personagem principal, que, por sinal, nunca vi um personagem gaguejar e chorar tanto. Às vezes, chega até ser irritante. São muitas situações onde ele se mete em apuros por causa do seu jeito super tímido de ser. Seus amigos, otakus também, têm personalidades um tanto esquisitas e isso pode achar que muitos otakus são desse jeito, o que não é verdade. Otakus também são gentes (risos).

Também deu para se notar que, mesmo sendo um J-Dorama, os atores tentam criar um clima de animê, fazendo caretas e falando do mesmo jeito de personagens de animês, o que pode ser estranho no começo, mas depois, dá para se acostumar. A história é bem light, com várias pitadas de humor.

Aliás, quem sempre teve curiosidade de saber como são as lojas otakus de Akihabara, a novelinha mostra bastante detalhes dentro das lojas. Quem é otaku, não pode deixar de conferir "Densha Otoko" (possui 11 capítulos e 1 especial).

15 de fev. de 2010

Carnaval da Porcaria

Escolas de samba jogam restos do carnaval ao redor do sambódromo, após os desfiles carnavalescos. Parece que o samba-enredo sobre conscientização ao meio-ambiente ficou só nos desfiles. Partes das alegorias dos carros das Escolas de samba do grupo especial que desfilaram estão abandonadas nas ruas no entorno do sambódromo e algumas foram jogadas nos rios.

No Rio de Janeiro, 62 toneladas de lixo foram recolhidas no sambódromo e aos redores só no primeiro dia de desfiles. Caminhões com jatos de água despejaram 35 mil litros de água para limpar o Sambódromo e deixar o local limpo para a segunda noite de desfiles. E com certeza, mais água para o dia seguinte e mais toneladas de lixo para recolher.

Depois dos desfiles, as pessoas simplesmente jogam as fantasias e as máscaras nas ruas, como se fosse lixo imprestável. Eu acho que deveria ter multa para as escolas de samba que permitem tais passistas a fazerem esse tipo de estupidez. Cadê as campanhas de reciclagem que as escolas de samba mostraram nas reportagens?

Mais um motivo para não apreciar o carnaval brasileiro.

10 de fev. de 2010

Traficante no país dos outros é refresco

Por William Douglas

"Acompanho pela imprensa os pedidos de Mauro A.C. Moreira e sua família para que o Presidente Lula se envolva no deferimento de seu pedido de clemência, a ser apreciado pelo governo indonésio. Marco, nascido em família da classe média alta do Rio de Janeiro, já fez curso de Chef na Suíça e morou dez anos em Baili. Em 2/08/2003, ele desembarcou em Jacarta com 13,4 kg de cocaína escondidos em sua asa delta. Foi preso, julgado e condenado à morte. O Embaixador brasileiro em Jacarta afirma que o Brasil está buscando uma “solução harmoniosa” e que “Para o Brasil, o fato de dois jovens estarem presos e condenados à morte (...) cala fundo, pelo peso e severidade das penas, fato sem paralelo na Justiça brasileira. Já na Indonésia, o combate ao tráfico é prioridade política, cultural, social e, sobretudo, religiosa, ante seus efeitos nefastos” (Fonte: FSP, 17.1.2010, p. C1).

Primeiro, é natural que o condenado e a família tentem todos os recursos, e não se pode ser insensível à dor da mãe do condenado, uma senhora de 70 anos de idade. Mas, feito o registro, é preciso analisar a questão com isenção. A “solução harmoniosa” que o Brasil pretende é que um país soberano não aplique sua legislação aos crimes praticados em seu território? Se a legislação do Brasil não é tão severa, não deveria ter Marco se prestado a traficar apenas por aqui, onde o combate ao tráfico não é tão veemente?

Não podemos esquecer o caso concreto. Por que os traficantes aqui devem ser punidos e os de lá não? Por que se reclama tanto da ineficiência da nossa Polícia e Judiciário e se quer que lá, na Indonésia, essa eficiência ceda ao argumento de que o condenado é brasileiro? Ser brasileiro autoriza tratamento diferenciado, ou diminui a gravidade do fato? Então, se tivesse sido bem sucedido em sua empreitada criminosa o mal causado seria menor?

Na reportagem citada, Marco afirma que achou que "ia ser tranquilo". Assume que errou, dá uma "boa" desculpa (precisava de dinheiro para pagar uma dívida), diz que está arrependido e que "a pena já está mais do que bem paga. No Brasil, pena por tráfico é por cinco anos [5 a 15 anos]. Aqui é pena de morte". Estranho que tenha escolhido traficar na Indonésia, mas prefira as penas aplicadas em nosso país. Segundo ele, "o Lula tem como dar um jeito nessa história aí". A solução de Marco é que deportem todos, não os deixem mais entrar na Indonésia e pronto. Sim, Marco tem solução para tudo, para suas dívidas, para escolher sua pena, para como deve agir o governo brasileiro, para a política criminal da Indonésia. Meu único receio é que, mercê de ser de classe média, nosso concidadão e, agora que preso, tenha a pose de "coitadinho", receba tratamento condescendente que a população não aceita para os nossos traficantes daqui.

Não faz sentido se querer que haja combate aos traficantes por aqui e tolerância maior por lá. Uma coisa é dar assistência a um brasileiro preso no exterior, outra é se promover uma campanha para que a lei e o julgamento não sejam aplicados. Ou quer o nosso Governo que a nossa ineficiência no combate aos traficantes “ampare” a todos os brasileiros?

Lamento pela história triste do Marco e por ter ele desperdiçado suas oportunidades e tomado decisões erradas. Mas também lamento pelas pessoas que são escravizadas pelo vício e pela existência, aqui e lá, de todo um sistema de crime organizado onde ele adentrou voluntariamente como agente e para ter os benefícios do crime. Gostaria que nosso governo fosse eficiente contra os traficantes aqui como a Indonésia anda sendo. Não concordo que nosso Governo, e muito menos nosso Presidente (que fala em nome da nação), deva assumir o pedido de impunidade apenas por que tráfico de cocaína no país dos outros possa parecer menos grave do que aqui.

Bem faz a Indonésia, em punir com rigor o tráfico. Não estou discutindo se a pena de morte é uma boa medida ou não, mas apenas que Marco sabia muito bem o que estava fazendo, e um governo não deveria se mover para que as leis de outro não sejam aplicadas."

William Douglas é Juiz federal/RJ, professor, ex-delegado de policia, ex-defensor público.